Feedback: a via de mão dupla que fortalece relações no trabalho!
- Rafaela Mueller

- 28 de mai.
- 3 min de leitura
Atualizado: 26 de ago.
O feedback vai além da fala do líder ao colaborador. Quando se torna uma via de mão dupla, abre espaço para diálogo, confiança e crescimento mútuo. Neste artigo, exploramos como o feedback horizontal transforma relações e fortalece a cultura organizacional.

Falar de feedback é quase automático quando se pensa em desenvolvimento profissional. A imagem mais comum é a de um gestor chamando um colaborador para conversar sobre desempenho. Mas será que feedback precisa ser sempre de cima para baixo? A verdade é que existe uma via de mão dupla pouco explorada: o feedback do colaborador para o empregador. E quando essa via se abre, surgem transformações poderosas nos ambientes de trabalho.
Feedback é uma ferramenta de comunicação que serve para alinhar percepções, ajustar rotas, reconhecer acertos e melhorar comportamentos ou processos. Ele não é um julgamento, e sim uma contribuição. Existem dois grandes tipos de feedback: o positivo, que reconhece e reforça comportamentos eficazes, contribuindo para a motivação; e o construtivo (ou corretivo), que aponta pontos de atenção com foco na melhoria e no crescimento. O feedback bem dado não corrige pessoas, corrige trajetórias. Ele é essencial para o desenvolvimento profissional, a construção de confiança e o fortalecimento das relações no trabalho.
A forma como o feedback é entregue pode determinar se ele será útil ou destrutivo. Não se trata apenas do conteúdo, mas da forma de dizer, do momento escolhido e da intenção por trás da fala. O ideal é que o feedback seja específico, objetivo e transmitido com empatia. Generalizações e julgamentos devem ser evitados. Em alguns casos, o registro por escrito é importante, mas o cuidado com o tom e com a clareza é ainda mais necessário quando não há linguagem corporal para suavizar a mensagem. Nem todo feedback precisa ser formal. Comentários informais e positivos no dia a dia ajudam a manter o alinhamento e a motivação. Reuniões periódicas focadas exclusivamente na troca de percepções fortalecem a cultura do feedback e previnem mal-entendidos acumulados. Feedback não é só sobre o quê, mas sobre como e quando se fala.
No mundo corporativo, há uma tendência consolidada de pensar o feedback como algo que “vem de cima”. Gestores avaliam equipes. Líderes corrigem erros. Diretores apontam resultados. Mas o contrário raramente é incentivado. Quando colaboradores oferecem feedbacks à liderança, muitos enfrentam resistência, julgamento ou até punição velada. Essa cultura desequilibrada reforça silenciamentos, alimenta conflitos passivos e distancia as lideranças da realidade. O resultado? Ruídos, desconexão, clima organizacional tóxico e perda de talentos.
Estimular o feedback do colaborador para o empregador é um passo de maturidade organizacional. É um convite ao diálogo real — aquele que transforma. Esse tipo de feedback oferece visibilidade de problemas ocultos, como sobrecargas, falhas na comunicação e inseguranças não expressas; ideias práticas de quem vive os processos; sensação de pertencimento; e ajustes de liderança. Líderes também erram, e poder ouvir isso com respeito é parte da evolução profissional. É claro que esse tipo de feedback exige preparo emocional de quem recebe e um espaço seguro de quem oferece.
Não adianta apenas dizer “pode falar”. As pessoas só falam quando sentem que serão ouvidas com respeito, sem medo de retaliação, humilhação ou perda de espaço. Para isso, algumas ações são fundamentais: liderança aberta e escuta ativa; criação de canais adequados como reuniões individuais, caixas de sugestões e feedbacks anônimos; treinamento emocional para dar e receber feedback; e respostas coerentes com o que foi dito. Feedback é uma construção coletiva. A empresa precisa mostrar, com atitudes, que valoriza o que é dito — mesmo quando incomoda.
Empresas que constroem uma cultura de feedback sincero, respeitoso e frequente conseguem resolver conflitos mais rápido, reduzir ruídos e construir equipes mais maduras e colaborativas. Essa cultura precisa ser horizontal, onde todos têm algo a dizer e a aprender; constante, não só em momentos críticos ou formais; e respeitosa, baseada na confiança e na empatia. Mais do que uma técnica, o feedback é um instrumento de cuidado com as relações profissionais. Ele revela o que está funcionando, ilumina o que pode ser ajustado e fortalece a caminhada coletiva.
Feedback não é sobre corrigir pessoas, é sobre fortalecer relações. E relações fortes se constroem com troca, escuta e humildade — em todas as direções. Quando colaboradores sentem que podem falar, e líderes demonstram que sabem ouvir, nasce um ambiente de respeito, pertencimento e aprendizado contínuo. Em tempos de tanta rotatividade, esgotamento emocional e quebra de confiança, construir uma cultura de feedback verdadeiro pode ser o diferencial mais humano e poderoso de uma organização.



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