O “S” do ESG foi esquecido?
- Rafaela Mueller
- 30 de out. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: há 22 horas
O papel do 'S' no ESG: descubra como a gestão de conflitos e o engajamento social podem transformar a sustentabilidade empresarial, promovendo bem-estar, retenção de talentos e confiança em tempos de crise.

O termo ESG é uma sigla em inglês que significa Environmental, Social and Governance, que traduz em, AMBIENTAL, SOCIAL E GOVERNANÇA. Sua função é criar critérios para avaliar o desempenho e a sustentabilidade das empresas. Embora os aspectos ambientais e de governança sejam aplicados frequentemente, o componente social, representado pela letra “S” é igualmente importante. Abordaremos a importância do aspecto social com destaque na gestão de conflitos e como ela pode impactar positivamente as organizações.
O que é ESG?
É um conjunto de critérios que avaliam as práticas e políticas de uma empresa em três áreas: ambiental (E), social (S) e governança (G). A letra E, diz respeito a todo o trabalho que a empresa desenvolve para reduzir os impactos negativos no meio ambiente. A letra S, aborda questões de relacionamento entre todos os envolvidos nas organizações: colaboradores, clientes, fornecedores, governo, comunidade, ect. A letra G, abrange questões de governança, que está diretamente vinculada a governança corporativa e administração do negócio. Ele busca enquadrar as normas e regulamentos e incentivar a ética e transparência das companhias.
As empresas que possuem destaque nos critérios de sustentabilidade e se enquadram no conceito ESG, na sua maioria, promovem ações voltadas ao meio ambiente e a governança, tendo em vista que sua aplicabilidade é de fácil visão e entendimento. Quando falamos sobre a aplicação do aspecto Social, que o conceito ESG traz, as empresas se referem somente a inclusão e diversidade, mas será que é somente essa a função do Social?
Vivemos um momento de grandes mudanças nas organizações e no mundo. Em todos os setores vemos movimentos que buscam humanizar os procedimentos e atendimentos, e trazer as pessoas de volta ao seu protagonismo. As pessoas estão reavaliando seus critérios no momento de procurar um emprego, os altos salários não são mais o suficiente para reter talentos, mas sim, os benefícios, o bem-estar e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional que as empresas podem oferecer.
Para que o “S” seja aplicado em sua integridade é importante colocar em prática algumas estratégias:
Engajamento Corporativo: Incluir as pessoas no propósito da empresa, engajando, apresentando ferramentas e criando uma cultura em que os colaboradores se sintam pertencentes.
Atração e retenção de talentos: Dar atenção ao bem-estar dos colaboradores, mantendo um equilíbrio entre saúde mental, física e financeira. Tendo em vista, o significativo aumento de crise de saúde, dar atenção a esse ponto, é aumentar o comprometimento e a produtividade dos colaboradores.
Inclusão: Colocar em prática políticas de diversidade, equidade e inclusão, proporcionando a todos os colaboradores ambientes de trabalhos respeitosos e acolhedores.
Gerenciamento de crise: Estar comprometido com causas sociais, permite que em momentos de impactos e recuperação, as organizações sejam bem-sucedidas, uma vez que, possuem a confiança e a lealdade da comunidade e dos fornecedores.
O baixo engajamento dos colaboradores custa à economia global US$ 8,9 trilhões, o equivalente a 9% do PIB global, segundo o relatório State of the Global Workplace 2024, da Gallup. Os resultados mostram que apenas 23% dos colaboradores no mundo estão engajados, que é reflexo do envolvimento e o entusiasmo destes. O estresse é influenciado nesses resultados, sendo que empresas com baixo engajamento possuem 60% a mais de chance de possuírem colaboradores estressados.
Enfim, empresas que conseguem engajar seus colaboradores em causas sociais, mostram que possuem responsabilidade social, que se importam com a sociedade e estão atentas as práticas sociais da empresa, transmitindo credibilidade e confiança a clientes, fornecedores e comunidade. Elas conseguem fazer um gerenciamento de riscos eficaz, acompanhando de perto qualquer fator social que possa denegrir a imagem da empresa. São também, empresas inovadoras e resilientes, sempre atentas as mudanças e fortes para enfrentas crises e incertezas, porque se preocuparam em construir relacionamentos duradouros e confiáveis com clientes, colaboradores, fornecedores e sociedade.
Empresas que se desafiam, buscam aprimorar e repensar suas práticas estão em posições favoráveis, mostrando que estão preparadas para se adequar a mudança e a inovar sempre que necessário.
Como incluir o “S”?
Para as empresas que ainda não se enquadraram ao fator social do ESG uma sugestão valiosa é procurar fazer uma boa gestão de conflitos e transformar a cultura organizacional. A gestão de conflitos realiza um diagnóstico da situação da empresa e apresenta soluções personalizadas para cada setor, bem como, incentiva uma mudança cultural na organização, aproximando pessoas, setores, lideranças e horizontalizando hierarquias. Algumas práticas que podem ser adotadas são:
Comunicação eficaz e Não-Violenta: manter uma comunicação eficaz, sem aberturas para interpretações múltiplas e uma comunicação respeitosa, sem ofensas.
Feedbacks: escutar os colaboradores e criar relações de confiança onde possam ser transmitidas ideias, críticas e opiniões sem mal-entendidos e ressentimentos.
Mediação em resolução de conflitos: investir em um mediador, terceiro imparcial para resolver conflitos de maneira eficaz, sempre que não foi possível resolvê-los sozinhos, é fundamental para manter um ambiente de trabalho saudável.
O componente social do ESG é indispensável para o sucesso a longo prazo das organizações. Ao focar no "S", as empresas não apenas melhoram suas práticas internas, mas também constroem relações mais fortes com seus stakeholders, contribuindo para um ambiente de negócios mais sustentável e equilibrado.
A gestão de conflitos desempenha um papel central nesse processo, garantindo que as vozes de todos sejam ouvidas e respeitadas. Assim, integrar o "S" no ESG não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas uma estratégia essencial para a resiliência e o crescimento organizacional.
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