A advocacia será substituída pela Inteligência artificial?
- Rafaela Mueller
- 30 de out. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: há 22 horas
Inteligência artificial na advocacia: a revolução que substituirá advogados ou apenas transformará a profissão? Descubra como a tecnologia está moldando o futuro do setor jurídico e o papel das soft skills na advocacia humanizada.

Vivemos em uma era de grandes transformações, onde as tecnologias avançam rapidamente, impactando diversas profissões, incluindo a advocacia. O uso da inteligência artificial na área jurídica, que antes era visto como uma tendência, agora é uma realidade, levantando questionamentos sobre o futuro da profissão e o papel dos advogados em um ambiente cada vez mais digital e automatizado. Nesse cenário, o desenvolvimento de soft skills e a adoção de uma advocacia mais humanizada, centrada em meios consensuais de resolução de conflitos, se tornam diferenciais essenciais.
Impacto da IA na advocacia
Em uma rápida pesquisa no Google sobre qual é a função do advogado, a inteligência artificial nos responde que é: peticionar, contestar, realizar recursos, elaborar contratos e defender clientes em tribunal do júri. Todas essas funções são facilmente substituídas pela inteligência artificial, uma vez que, a IA é capaz de processar grandes quantidades de dados, realizar pesquisas legais e auxiliar na elaboração de documentos jurídicos.
Apesar de suas inúmeras vantagens, a inteligência artificial não é capaz de replicar habilidades exclusivamente humanas, como negociação, empatia, persuasão e escuta ativa, que são essenciais na prática jurídica. Embora a IA possa automatizar tarefas mecânicas, ela não pode substituir a abordagem humanizada e personalizada que os advogados fornecem aos seus clientes. Assim, aqueles que não investirem no desenvolvimento dessas habilidades serão facilmente substituídos pela tecnologia.
Como se tornar um advogado do futuro
Com a evolução desenfreada da inteligência artificial, o advogado do futuro é aquele que saberá extrair da IA o melhor que ela pode oferecer e abusará dela como ferramenta valiosa para agregar em seu trabalho, em conjunto com o desenvolvimento de soft skills. Algumas dicas para se destacar na advocacia com o avanço da tecnologia são:
Resgatar seu papel: Quando falamos de advogados, pensamos em processos judiciais, entretanto, a função do advogado é muito maior, que apenas processar. Resgatar seu papel como provedor da justiça e da pacificação social. Se fazer importante nas situações antes da tomada de decisão, antes dos problemas nascerem, e se ainda assim existirem os problemas, que sua atuação diminua os impactos causados. Ser apoio e segurança para o cliente.
Conhecimento: Além de todo o conhecimento jurídico e suas especializações, o advogado precisa ter desenvolvido soft skills, como escuta ativa, comunicação eficaz, planejamento, empatia, flexibilidade, inteligência emocional e colaboração.
Cultura jurídica: Advogados que adotam uma postura confrontadora, em vez de colaborativa, estão perdendo espaço no mercado. Quando se impõem uma posição, sendo inflexível, se perde a oportunidade de negociar, porque o outro lado reage de forma defensiva, fechando opções e criando barreiras, perdendo negociações que poderiam ser valiosas. Transformar a cultura jurídica do cliente, também se faz importante para a evolução e uma boa negociação.
Resolução de problemas: Tomar conhecimento sobre outros meios de resolução de conflitos, como a negociação, mediação, conciliação e arbitragem. Colocar em prática o sistema multiportas e destinar o cliente para a opção que melhor se enquadra ao caso. Preparar o processo e planejar a resolução, encontrando soluções eficazes e criativas que atendam a todos interessados.
Ser colaborativo: É uma habilidade crucial na advocacia moderna. Colaborar de forma eficaz, tanto com colegas quanto com oponentes, demonstra maturidade e facilita a construção de acordos benéficos para ambas as partes. Essa abordagem também reforça a confiança entre o advogado e as partes envolvidas, promovendo negociações mais abertas e resultando em soluções duradouras.
O advogado do futuro não é aquele que propõe ação judicial, mas aquele que de forma colaborativa e inteligente consegue resolver os conflitos antes do ajuizamento. É aquele que se preocupa com as pessoas que estão envolvidas na situação e não só com o problema que precisa ser resolvido. É o que une as partes e não o que causa mais divergências. É o que se coloca em posição horizontal com cliente e a outra parte para criar confiança e abrir opções.
O advogado do futuro, também se destaca pela utilização dos meios consensuais de resolução de conflitos, que vem ganhando força e se destacando no mercado jurídico. A crescente busca por soluções mais rápidas, econômicas e menos desgastantes faz com que o advogado que domina esses métodos esteja em vantagem competitiva. Esses métodos têm a vantagem de proporcionar soluções personalizadas, rápidas e econômicas do que os litígios tradicionais, além de serem menos desgastantes emocionalmente. A humanização do processo jurídico por meio desses mecanismos se torna um diferencial para advogados que buscam se destacar em um mercado altamente competitivo.
A inteligência artificial está, sem dúvida, transformando a advocacia, mas os advogados que investirem em soft skills e em práticas humanizadas estarão à frente em um mercado cada vez mais competitivo. A tecnologia pode ser uma aliada poderosa, mas a capacidade de advogados de ouvir, negociar e mediar, com sensibilidade e empatia, continuará sendo insubstituível. A verdadeira advocacia do futuro será aquela que combina o melhor da IA com a sabedoria e o julgamento humano para alcançar soluções inovadoras e eficazes.
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